
Mariana Costa (*)
O ano de 2024 destacou-se como um dos mais marcantes para a indústria dos videojogos, que continua a afirmar-se como um dos setores mais criativos e inovadores a nível mundial. Portugal reforçou a sua presença neste cenário global, graças a um conjunto de conquistas e ao crescente reconhecimento dos seus estúdios.
Um dos momentos altos foi a participação nacional na Gamescom, realizada em Colónia, onde o Pavilhão de Portugal — com o apoio da iniciativa eGames Lab — deu visibilidade a mais de 15 estúdios lusos. O certame, que contou com cerca de 340 mil visitantes, reforçou a relevância de Portugal no maior palco europeu dedicado aos videojogos. Paralelamente, a Game Developers Conference (GDC), em São Francisco, acolheu uma comitiva portuguesa que promoveu criações originais e impulsionou parcerias internacionais.
Os estúdios independentes nacionais estiveram em destaque ao longo do ano. Títulos como Outpath, da Dissonance, e Synergy, da Leikir Studio, conquistaram elogios pela jogabilidade imersiva e design inovador. Já o Indie X, em Lisboa, distinguiu Starlit Adventures, da Seed Studios, como melhor produção portuguesa, enquanto o Starsand, da Tunnel Vision Studio, arrecadou o prémio de inovação no DevGAMM, em Cascais.
As perspetivas para 2025 são igualmente promissoras, com lançamentos aguardados como Abyssus, da Conflux Games, e Underworld Dreams, da Drop of Pixel. No panorama AAA, Starfield, da Bethesda, inclui contributos de uma equipa sediada em Lisboa, evidenciando o talento nacional em projetos de grande escala.
A nível estrutural, 2024 trouxe também novidades importantes. A inauguração do novo estúdio da Miniclip em Lisboa e a expansão da Team17 no Porto reforçaram o ecossistema nacional. Já o Gaming Hub da Unicorn Factory Lisboa consolidou-se como um espaço de referência para networking e inovação.
Globalmente, o setor continua a navegar entre oportunidades e desafios. A emergência da inteligência artificial generativa está a transformar os processos de desenvolvimento, enquanto as fusões entre grandes estúdios colocam em risco a diversidade criativa dos independentes. Em Portugal, medidas como o Digital Markets Act e o Artificial Intelligence Act da UE começam a moldar a regulamentação local, exigindo estratégias públicas alinhadas com as normas europeias.
O próximo ano antevê uma maior integração dos videojogos em campanhas publicitárias globais, um crescimento contínuo de conteúdo criado por utilizadores em plataformas como Roblox e Fortnite, e novos títulos inovadores a caminho. Estes desenvolvimentos consolidam a importância do setor como força cultural e económica para o país.
Jogo Responsável
A utilização equilibrada dos videojogos é essencial
para uma experiência positiva. A APVP sublinha a
importância de limites saudáveis de tempo e gasto,
promovendo o bem-estar mental. Para os jogadores mais
jovens, o envolvimento parental e a utilização de
controlos parentais são recomendados. Os estúdios
portugueses continuam comprometidos com práticas
éticas e ambientes de jogo inclusivos.
(*) Presidente da Associação Portuguesa de Videojogos (APVP)